Anjo da guarda

Era uma bela manhã e um vento gelado batia na janela fazendo com que todos da casa acordassem. Poucas nuvens no céu e alguns pássaros voando... De vez em quando, alguns pousos em finos galhos. Era terça-feira, para muitos um dia como qualquer outro: colégio pela manhã; à tarde, cursinho... Computador, à noite. Um dia não muito diferente dos demais dias da semana... Mas não para Brad Whitford.

Como toda manhã, foi para a janela com sua xícara de café na mão. Alguns pensamentos simples que, minutos depois, mudaram sua maneira de pensar o abaterem naquele instante. Não demorou muito para perceber que algo importante aconteceria naquele dia. Quando Brad chegava próximo à janela, lembrou de uma pergunta que o fizeram há muito tempo. Pergunta essa a respeito de uma foto que ele guardava pendurada no mural que ficava em uma das paredes do quarto. Era bem bonita. Tinha sido revelada no outono. Algumas árvores ao fundo davam àquela figura um toque calmo, bom de se observar. Lá, ele estava deitado sobre uma toalha perto de um arbusto. Seus pais sentados em bancos de madeira logo a sua esquerda faziam com que parecesse uma conversa familiar. Ao fundo, uma família brincava com um labrador cor de caramelo. De fato, um cachorro muito lindo. Brad não se lembrava quando o haviam interrogado, mas as poucas perguntas que seu avô fez o perturbaram durante as enumeras horas seguintes.

Alguma vez você reparou nas pessoas que estão ao fundo da foto? Já se perguntou quantas pessoas possuem uma fotografia em que você esteja presente? Acho que não. E provavelmente elas também não prestam atenção caso exista - disse Steven, seu avô.

Vovô tinha razão. São poucas as vezes em que nos pegamos refletindo sobre a diferença que alguém faz em nossas vidas. Não é? Quem dera que não. E se a pessoa nasceu no mesmo dia que você... Mesmo assim não procuraria saber quem é? Brad não. Porém, depois dessa pequena conversa, algum espaço em seu coração foi aberto. Algum lugar que, de alguma forma, ele sabia que deveria ser preenchido. Ficou alguns segundos pensando. Olhou para o céu e percebeu que mais nuvens haviam aparecido. O sol já riscava o chão de seu quarto com os fortes raios quando tudo se despedaçou com um grito esquisito dado por sua mãe. Feliz aniversário! - berrou ela. Aquele grito desconcertante fez com que ele fechasse os olhos quase por obrigação e se atirasse novamente na cama. Com certeza, depois daquilo, ele havia acordado. Era 20 de Outubro. Brad Completava 17 anos. Mas ele não era o único que comemorava. Havia outra pessoa celebrando aquela data...

Conheceram-se em Novembro de 2007 por meio de uma festa que ocorria no clube. 26 de Novembro uma pessoa absurdamente gentil foi apresentada a ele. Seus maravilhosos olhos verdes o encantavam cada vez mais a cada segundo que se passava. Uma pulseira rosa se destacava em seu tornozelo. Incontáveis dias se passaram, e ,a cada dia que se tornava passado, algo grandioso se construía. Risos eram dados, abraços eram compartilhados... Uma felicidade incomum os alimentava como se não precisassem de comida. Ela era linda, possuidora de um coração fora do normal, cheio de felicidade, sonhos... Alguém com quem Brad poderia contar nos piores momentos. Um anjo, como estava costumado ser chamado por ela. Adorava passar horas em meio a sua companhia, adorava conversar todos os dias por telefone, apreciava sua bondade e sua delicadeza. Era assustador pensar que um dia eles se separariam... Porém, caso isso acontecesse, de alguma forma, eles estariam ali, juntos, sentados nas cadeiras azuis da biblioteca, ouvindo musica, contando histórias idiotas, rindo sem o menor motivo. E aquele amor que presenciavam todos os dias seria lembrado pela eternidade. Quem os conhece pode confirmar que, independente do lugar onde estiverem, eles arrancarão sorrisos um do outro com um simples ' oi, poiiiia *--* '.

Brad se levantou da cama, ergueu a cabeça e abraçou sua mãe.

Obrigado por me levar àquela festa - enxugando as lágrimas, agradeceu em sussurros.